Sugestão: Tanaka
Quando lá, comer: bolinho de carne
O Valdeco não tem como perder de vista, em plena rápida do Portão sentido Portão, na altura da Vila Izabel, três quadras depois do Angeloni e duas depois do Boulevard, na esquina do lado esquerdo. Placa nova caprichada, mesas de prástico e toldos novos, todos vermelhos, uma cortesia da Brahma. Será cortesia mesmo, ou paga-se um valor ínfimo? Ali a estação tubo é Dom Pedro I. Moleza chegar ali hein.
Plena rápida!
O Valdeco tem jeitão de ser um bar milenar, estilo armazém antigo assim. Balcão de fórmica, vitrine para produtos ocupada por pôster de cerveja. Coifa em cima de fogão reformado. Caixas de cerveja, engradados de latas de Brahma, mesas e cadeiras, tudo empilhado pelos cantos. Mesas padronizadas de prástico da Brahma em todo o boteco. Até as paredes foram pintadas de vermelho pra combinar com os “móveis”, um clima renovado e refrescante, apesar da fritura lá dentro e do cigarro lá fora. Nas paredes, propaganda política e pôster de bebida somente, climão de interior. O Valdeco é o cara de boné e avental que atende a todos com a mulher (que não sei se é “sua”, mas parece), e aparenta muito jovem para o ambiente que comanda. É meio raro ele ir ali fora pegar pedidos, então você pede alguma comida no balcão pela primeira vez, e quando ele for levar você pede a próxima comida, e assim por diante. Perdeu a viagem vai ter que ir lá dentro pedir. A comida pode dar uma demorada, não prestei atenção se tinha outras pessoas além do Valdeco e a mulher, e o próprio Valdeco faz os espetinhos numa churrasqueira portátil que ocupa parte da entrada do estabelecimento.
Lá fora, também conhecido como ambiente principal
Posto avançado de atendimento
Se chover, tem espaço
Equipamento tecnológico para cocção
Cardápio obviamente não tem, é daqueles lugares que o próprio dono tenta puxar da memória o que tem quando você pergunta. E é claro que sem foto do cardápio eu ia esquecer, então eu anotei o que consumimos. Vou te dizer que foi legal a comida, frango a passarinho OK, batata OK. O bolinho de carne foi o melhor da noite, carne de verdade, apesar daquela capa escura dizendo “óleo de fritura velho”. Os espetinhos que demoravam um pouco a serem feitos na hora estavam bons também, xixo, coração, alcatra. Não tinha pão de alho nem queijo coalho, fizeram falta. Nada muito complexo assim, pouca variedade, mas satisfez. De bebes, cervejas convencionais e uma pequena prateleira dupla envidraçada de biritas de boteco de baixo escalão. Mas os preferidos da galera estavam lá, Cynar, Campari, e um raro presente Fogo Paulista. OK, essa galera que tou falando sou eu. A turma tomou Original e gasosa de abacaxi, mais um ponto positivo. Preços bem joinha.
Botecada hein
Chegamos ali, mesas todas vazias, sossego apesar do movimento da rápida. Qual o primeiro lugar a escolher pra ficar? O balcão, claro, interagir com o nativo que está sempre ali, apesar de conhecer inúmeras referências obscuras de boteco de gosto duvidoso por toda a cidade. Caboco firmeza. Adolfo muito saudável chegou de bicicleta, se integrando à troca de ideias. Meia hora depois, havíamos perdido a mesa que estávamos envisionando lá fora embaixo do toldo, mas tudo bem, a mesa lá fora ao lado tinha uma boa estrutura para pendurarmos a gloriosa bandeira da Confraria. Batemos papo e tal, ocupamos bem o Valdeco de pedidos naquela noite, ele sempre muito contido, personalidade reservada e trabalhadora. Rafael, meu amigo do trabalho, veio nos visitar e ouvir as besteiras que a galera já embriagada cuspia sem dó. Coragem. 22h era o horário que o boteco fechava no gúgou maps, e o Valdeco veio dizer que não ia cozinhar mais, mas que tinha os salgadinhos de pacote: isopor sabor bacon e isopor sabor bacon coberto de sabor cheddar, coisa estranha, consumida sem muito respeito às regras da boa gastronomia. E fomos ficando ali até tipo meia noite, ponto em que a rápida não era mais tão rápida, mas os nativos no boteco continuavam firmes, assim como o Valdeco, sempre contido, mas acostumado com aquela baderna. Botecada top. Fim.