sábado, 23 de agosto de 2025

#286 – O Torto – 17/07/2025

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Adolfo
Quando lá, comer: empadinha

O Torto, clássico bar de Curitiba, finalmente figurando neste brogue porcão. Se você é conhecido da boemia, sabe onde fica o Torto, mas explico aqui da mesma forma de sempre. O Torto fica no inferninho próximo ao Largo da Ordem, mas desconectado da muvuca em uma saudável e silenciosa quadra – rua Paula Gomes, na esquina a uma quadra da Trajano Reis. A Paula Gomes é a primeira paralela da Inácio Lustosa, via “rápida” que passa ao lado do Shopping Mueller no centro / São Francisco, e também paralela à 13 de maio, continuação da Martim Afonso rumo ao Teatro Guaíra. Na própria Paula Gomes tem lugar pra estacionar, mas é óbvio que não se recomenda beber e dirigir, e no Torto você vai beber. A central mais próxima de busão creio que seja na praça 19 de dezembro (homem nu), mas centro é centro e a noite é cheia de jóvis na região, convidativa à andação.

A famosa esquina no centrão!

Mas como assim, vocês só foram no Torto no encontro 286? Você pergunta, e eu te respondo, a gente tentou, essa é a quarta vez que tentamos vir. O Torto estava fechado nas três últimas tentativas (#97 em 2016, #115 em 2017 e #142 em 2018), implicando na nossa desistência por quase uma década – afinal, é um perrengue descobrir o bar fechado e pegar um segundo busão baldeado para ir pro boteco suplente. Não é incomum o bar ficar fechado em dias normais, e é compreensível, sendo um bar de um homem só - a ponto de terem criado ainda no pré-pandemia um grupo de Facebook chamado "O Torto tá aberto?", com contribuições quase diárias à epoca, escritas simplesmente "aberto" ou "fechado". Enfim, como dizem, homem esquece mas nunca perdoa, e a frustração dos impedimentos foi esquecida neste ano de 2025, a missão finalmente retornando frutos.
Conforme citado, o Torto é um grande clássico de Curitiba, apesar de ter nascido em 2002 – por ser tradicional imaginávamos que fosse bem mais antigo. Em 2002 o dono, seu Arlindo, conhecido como Magrão, comprou o bar da esquina e o transformou no santuário do Mané Garrincha. Notícias, fotos e quadros que cobrem todas as paredes celebram a tradição do bar e o próprio Garrincha, sendo a imagem mais famosa do bar a pintura do camisa 7 com asas atrás do balcão. O boteco é composto por um salão único e sua calçada. O salão é quase inteiramente tomado por uma mesa de sinuca centralizada, com algumas cadeiras e pequenas mesas ao redor, então a grande maioria das pessoas fica direto em pé na calçada, ou mesmo do outro lado da rua. Numa noite convencional sem chuva, em qualquer momento, tem pelo menos 40 pessoas consumindo do bar, só batendo papo ou jogando sinuca. A mesa de sinuca é bem disputada, por sinal, e tem um caderninho na mesa do canto com a fila pra jogar. Quem atende o balcão é o Arlindo, anteriormente citado, que tem cara de piazão apesar de ter passado os 50 anos – e ele fica ligado o tempo todo no 220VAC. Afinal, é ele sozinho contra as intempéries, fritando bolinho de carne, servindo birita e cobrando o povo, fora os eventos – sobre os quais vou discorrer ao final do post, este parágrafo está ficando grande. Boteco com história é assim. O tratamento é respeitoso e os pedidos vêm conforme possível, respeite os limites físicos do cidadão.

Visão externa do estabelecimento
O único salão, inteiramente tomado pela mesa de sinuca
Salão visto do outro lado
Pessoal esparramando pro outro lado da rua
Cardápio visual

Sendo o bar inteiramente tocado pelo Magrão, a variedade de comes é curta, e não queira drinks muito desenvolvidos porque falta braço para desenvolver. O que o pessoal costuma comer são os salgados da estufa – coisa bastante boa, empadinha de frango e palmito bem bons, e o bolinho de carne receita da vó do Magrão. Fora isso, rolmops, espetinho de salsicha e ovo de codorna em conserva e amendoim, sem comentários. De bebes, cervejas convencionais, uma boa seleção de biritas de boteco, batida de maracujá artesanal boa, nada muito alto nível assim, mas o que é oferecido atrai centenas de pessoas por noite, errado não pode estar. O preço é bem aceitável, mesmo porque não tem muito o que consumir ali – mas se você for com fome, a somatória de todas as empadinhas acumula no bolso.

A turminha no canto

Chegamos em horário saudável e nos sentamos na mesa do canto, lado a lado como no antigo busão Circular Centro, de frente para a mesa de sinuca. Nesta posição é impossível não assistir o pessoal jogando, e jogam muito bem! A gente ficou com vergonha de participar da rotação, com certeza ia tomar um couro – tinha uma única menina que estava arrasando todos os machos que a enfrentavam com jogadas espetaculares, tava pegando fogo – foram 9 partidas seguidas até alguém bater ela. Voltemeia a gente tem que desviar de uma tacada ou liberar a cadeira, porque o espaço é pequeno, prejudicando a proficiência de certas jogadas.
Apesar do desconforto, o ambiente é muito botecão, algo que deveras nos atrai. Mas o grande diferencial do Torto são os eventos, que se assemelham a um programa de auditório. Você está sentado ali tomando uma, ouvindo músicas brasileiras clássicas (por sinal, bom gosto), e de repente o seu Arlindo apaga a luz, sobe o volume da música, liga um globo estroboscópico e o boteco vira uma balada – o pessoal dança e se entretém enquanto o seu Arlindo frita bolinho (literalmente), e após uma música, axé ou baião, a luz volta, o volume é reduzido e o clima de botecão é reinstaurado – muito engraçado pra quem vê a primeira vez. Depois de um tempo, seu Arlindo pega um bilboquê e um microfone, interrompe a música, e vai pro meio do bar – chama as pessoas mais bêbadas que encontra e faz uma gincana de acerte o buraco, ganhe uma cerveja. Pagação de mico total, o povo delira. Jogos de dados e adivinhação. É realmente um show no boteco.

Balada!
Acerte o buraco
Tente a sorte por uma bera!

Em resumo, o Torto é um botecão clássico e diferenciado por causa dos programas de auditório. Quem tem o objetivo de reunir os amigos numa mesa, comer uma parada e tomar uma, batendo papo sossegado, como nós, este NÃO é o boteco ideal – fica-se em pé ou senta-se num lugar apertado, a variedade de comes é pequena, seu papo é sempre interrompido... Agora, prum esquenta da noite ou pruma última rodada, o clima botecão é atraente demais, e pra quem busca um show ou algo diferente, é diversão certa. O Torto é um bar de conhecimento obrigatório para qualquer entusiasta de boteco de Curitiba.

sábado, 16 de agosto de 2025

#285 – Jeca Tatu – 03/07/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: batata do jeca

O Jeca Tatu fica na Prudente de Morais, antes da Fernando Moreira que é a rua dos chorões, ali onde não bomba tanto mas tá começando a ser contagiado. Pra chegar lá você vai pela Martim Afonso, e ao passar a praça 29 de março (era essa a data? Ou 19 de março? 19 de dezembro é a do home nu, então não é... uma dessas datas com 9 aí, que não é feriado) vira a próxima à direita, é a Prudente. Anda duas quadras e logo antes da via do expresso, fica do lado esquerdo, uma casa branca. Ali é moleza de ir de busão hein, o ponto do vermeio é Brigadeiro Franco, e fica uma distância sossegada a pé da praça Osório e Rui Barbosa, então não invente de ir de carro.

A parte vazia da rua cheia... por enquanto

O Jeca Tatu é um bar novinho novinho, fica no lugar do Hamburgay que fechou no ano passado, pelo jeito não tinha muito movimento, ou era o raio da maionese rosa com glitter que afastava a clientela. É uma casa das antiga, em cuja garagem e sala fizeram os dois ambientes principais do boteco. A garagem tem um chão de ladrilho vermelho em mosaico de casa de vó, parede de tijolinho e quadros de grandes figuras da história brasileira, como Jeca Tatu (nome do boteco), Cartola, Romário, Armandinho da Grande Família e cantor Belo, e é onde fica o balcão. Na sala fica a maior parte das mesas, e é reformadinho bem bonitinho, pratos pendurados nas paredes como decoração, azulejos azul e branco, bem iluminado, mesas de madeira com tampo branco, puta lugar agradável. Do lado de fora, botam umas mesas na calçada para completar o clima boteco – bom pra quando tá calor, o que não era o caso naquele dia. Ouvimos música ruim e música boa, explico mais ao final deste texto. Quem nos atendeu foi um piazote cujo nome esqueci, peço perdão, mas era extremamente simpático e prestativo, deem a ele uma promoção. Melhor, deem um aumento mas não promoção, senão ele para de atender as mesas. Só sei que ele tem 26 anos, porque quando explicamos sobre a confraria a ele, ele falou que tinha só o dobro da idade da confraria (choque de realIDADE). A comida não demorou, mas estávamos meio que sozinhos neste dia, então não sabemos dizer se quando estiver bombando não demora.

Lá fora vocês já viram
Entrando pela garagem
Olha que bonitinho o salão principal
Comes
Bebes

O boteco tem um cardápio enxuto de porções de boteco, mas consideramos a variedade suficiente. Comemos todas as porções do cardápio, fora a brusqueta. O pastelzinho de queijo o piazote falou que estavam fabricando, gerando expectativas, porém elas foram quebradas ao sermos informados que jamais seriam atendidas, por uma desculpa qualquer que não vem ao caso (na verdade eu esqueci o motivo). Carne de onça OK, pastel de carne OK, bolinho de aipim com carne seca OK. O pessoal gostou da batata da casa com costela, eu achei que faltou costela mas ficou como a dica do estabelecimento. Sanduba de alcatra e de pernil, bons. De biritas, cervejas convencionais, uma pequena variedade de drinks satisfatórios. Preços OK, apesar das porções serem um pouco pequenas.

Os importanter

Esta noite estava bem frio, então ocupamos a única mesa na maior parte da noite. Fomos acompanhados por dois casais em momentos distintos da noite, somente. Então estávamos só nós ouvindo aquele sertanejo da pior qualidade, eu cheguei para o piazote e falei, você gosta de verdade dessa música? Ele titubeou, provando que há esperança na nova geração. Falei que se fosse para ser música brasileira, que botassem coisa de qualidade, Chico Buarque, Tom Jobim, Alceu Valença, e ele assim o fez, melhorando múltiplas vezes a qualidade do ambiente. Passado algum tempo, algum outro cidadão do bar mal intencionado voltou à música ruim, quem sabe tentando atrair algum público, mas nem reclamei mais porque já estávamos próximos ao final do evento (ou talvez eu tivesse belbo). Fizemos a noite do estabelecimento, e eles em agradecimento trouxeram uma dose de conhaque para cada e uma saideira Spaten para aquecer a friaca. No fim o que ficou na cabeça é que o bar é muito agradável, muito bonitinho, apresentar pra mãe, e o atendimento é bem top. O que falta é só uma comida tchã assim, revolucionária, pra chamar a atenção. Convidem um chef, sei lá, façam uma porção afrescalhada, pode fazer a grande diferença que precisam pra encher o bar. E por favor, larguem mão do sertanejo...

domingo, 10 de agosto de 2025

#284 – Masc Beer XV - 19/06/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Bráulio
Quando lá, comer: carrrne

O Masc Beer XV fica no Alto da XV, como era de se esperar. Se bem que quando eu penso em XV, eu penso no calçadão da rua XV ou no XV de Piracicaba. Entendi que tem outros Masc Beer, vamos ver... só outro no Mercês, Manoel Ribas. Mas este objeto deste post é o da Sete de Abril, perto do estádio do Coxa. Pra chegar lá vindo do centro, da região do Teatro Guaíra ali, sobe a Amintas de Barros e depois do Baldinho do Amaral vira Professor Brandão. Passa a primeira esquina, 21 de Abril, a próxima é 7 de Abril. Tem o Zé Pelin seguido do Aces High do lado direito, é essa esquina aí do lado direito que você anda na contramão uns 30m para encontrar o bar, logo ao lado do Stand Up Club pequenininho - você está indo de Uber ou a pé, correto? A estação tubo do vermeio é a Maria Clara, mas é um tequinho longe, capaz de você parar num outro boteco do caminho.

Uma das portinhas do conjunto comercial

O Masc Beer é um boteco com clima de pub de cerveja da modinha, escurinho, letreiro de neon e essas coisas. Ambiente despojado, iluminação caprichadinha, quadros de cerveja, televisão com futebol, praticamente uma barbearia hoje em dia. As mesas não são uniformes e são pequenas, sugerindo utilização efêmera. De fato, ao observar o público local, poucos permanecem assentados na mesma mesa, a maioria fica andando pra lá e pra cá. Contribui para o processo o fato de não vir o garçom até você, e sim você ir ao balcão pegar sua bera, aí outro ser humano acaba tomando sua mesa enquanto você escolhe. É um estilo de vida, você tem que ser desapegado... a não ser que tenha um companheiro que guarde lugar, mas aí o companheiro não consegue opinar na bera que você vai tomar porque o cardápio de beras é na televisão como manda a modinha. Lá fora tem um deque com mesinhas, bom para dias de calor, e eles também botam 01 (uma) mesa pequena na calçada, provavelmente para servir de suporte para uma galera largar a bera enquanto papeia em pé. Tem música boa de pano de fundo, roquezinho crássico, um alívio perto dos botecão com sertanejo de hoje em dia. É meio chato ficar pedindo no balcão, mas abriram uma comanda para dividirmos a conta, então tá tudo bem... As comidas levaram um bom tempo pra chegar, então não tenha pressa, permita paciência ao seu estrombo.

Mesas no deque...
Ambiente principal
Cantinho de beber escondido
Balcão onde pede-se e paga-se
Porções
Espetinhos
Comidas do Zé Pelin
Chopes do dia (ali o endereço, dá pra acessar ao vivaço)

Comidas. O Masc tem um cardápio reduzido de comes de churrasqueira, entendo que pra simplificar a cozinha e focar nas beras – só um acompanhamento para o pão líquido. Servem espetinhos variados, porções de linguiça, tulipa de frango, batata frita... achei que não estava bom. Não sei dizer, coisas gordurentas, alguns espetinhos meio crus, outros esturricados, matéria prima duvidosa talvez... OK, estou sendo um pouco injusto, o pessoal gostou do espetinho gordasso de queijo com bacon. Mas o que estava bom de verdade era o tal ancho para duas pessoas, carne bem boa mesmo, essa é nossa sugestão. Para dar uma variada no cardápio eles têm um xquema com o Zé Pelin dobrando a esquina, oferecem algumas porções de lá. Neste dia infelizmente sendo quinta-feira santa (obrigado por abrir), o Zé Pelin tava fechado, e não pudemos aproveitar as porções do cardápio que vêm de lá – mas quando passamos pelo Zé Pelin no encontro #224 (clique aqui ou no número), gostamos bastante dos mini-ninhos e pastéis especiais, escolheram bem as porções que compartilharam no cardápio. De beras, um cardápio generoso de 16 taps que vão secando, então pode ter menos que 16 – começamos a noite com 15 e no final tinham 12 – mas é uma boa variedade, e para os birrentos também tem uma geladeira com aquelas cervejas da modinha cujo nome é uma frase (“mãe, criei um monstro”, “nikola e a câmara secreta”, “melhor que xineque” etc). Não responsabilizo o estabelecimento, mas tomei um chopp ruim pra diabo e outro bom, acho que faz parte da experiência. O preço machuca – o único chopp de preço OK é o da casa, o resto vai de 25 a 39 conto cada um – dói no final da noite.

Os bebedores

Resumidamente para o Masc, guardei a imagem de ser o bar pra dar um chego e tomar um chopp com um amigo antes de cair na noite, num show, num jantar, ou na sarjeta. O povo tá sempre de passagem, vai lá tomar uma e pular fora, e tá certo. Comidas no máximo para um tira-gosto antes de outro evento principal, e com o preço alto para tomar várias, não sugeriria ir lá para uma experiência botecária completa de horas de falação de merda. O ambiente é agradável, mas dadas as razões apresentadas, encontramos opções melhores por aí para este propósito.

domingo, 27 de julho de 2025

#283 – Bar do Cláudio - 05/06/2025

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Cabeça
Quando lá, comer: o prato do concurso... se ainda tiver

O Bar e Restaurante do Cláudio, muito mais Bar que Restaurante, fica no Cajuruzão, não muito longe da zona perigosa, mais próxima da BR que do terminal. Assim, eu fui de ônibus, a região não me assustou muito, mas informo de antemão antes que narizes se torçam no caminho para o bar. Para chegar lá vindo da cidade grande, você pega a Getúlio Vargas até o final, passando pelo estádio do Paraná se é que ainda é. Lá no final você contorna o terreno do Jardim Botânico pela esquerda, passando por debaixo da linha verde. Logo depois do sinaleiro, vira no posto Rodóio à direita, é a rua Luiz França do Ite’s Bar. Segue por ela bem bem longe, uns 2km, uma hora tu passa por uma escola do lado esquerdo seguida por um campo de futebol. O bar é na esquina do lado direito. Para ir de busão como eu fiz, a estação tubo do vermeião é Cajuru, anda-se uns 10 min a partir dela até o boteco. O trinco da porta de entrada do bar fica atrás de uma das pantográficas, então dá a impressão que não tem como entrar – não tenha vergonha e bata na porta que um atendente abrirá para você.

Bombando na esquina do Cajuruzão

O Bar do Cláudio tem um climão muito de boteco boteco de cidade pequena assim, mas não dá pra chamar de fulêro não. As mesas são de madeira, a gente só teve que sentar numa mesa de prástico da Brahma porque o boteco tava lotado já na chegada do primeiro confrade que era o Tanaka, se não me engano. Sorte que essas mesas são empilháveis e portáteis, senão a gente ia esperar em pé e do lado de fora tava bem frio. Pela lotação, o boteco é muito popular, e o clima é animadão, pessoas felizes. O bar se distribui em dois ambientes, um interno com uma mesa de sinuca, balcão antigo, parede de azulejo e chão de lajota gasta bem das época das antiga, que certamente era todo o boteco décadas atrás; e um externo contornando o anterior, com chão de lajota renovada e mais caprichadinho, certamente criado após a popularidade explosiva do estabelecimento. A maioria dos clientes fica nas mesas de fora, onde cabe mais gente, mas lá dentro o pessoal se amontoa bem, são os véio nativo e o pessoal raiz que quer jogar sinuca e ver futebol. Neste dia, inclusive, tinha jogo do Braziu, mas a TV não era visível da nossa mesa. Ainda bem, porque foi 0 x 0 contra o Equador se não me engano, a gente ia passar raiva. Tem decoração de fotos antigas e umas coisas de cavalo? Deve ser do gosto do dono. Tinha música ruim, combinando com a região, um sertanejo incômodo, mas pelo menos não estava alto demais. O bar tem um cachorro nativo pidão, consideramos simpático, mas quando incomodou alguém eles botaram o dogue pra fora, aceitou de forma comportada, deitado num papelão e cuidando da porta. Os atendentes são bem amigáveis, e a cozinha faz um bom trabalho, porque a comida não demorava demais pra chegar apesar do boteco estar bombando.

Espaço interno, com balcão, sinuca e futebol
Espaço externo pras famílias comerem
Comes
Bebes
O petisco do concurso, se você ficou curioso

A comida do boteco é bem simprona, também combinando com o aspecto geral de botecão de bairro, o que não é ruim. Comemos o que tinha no cardápio, batata frita, calabresa, frango a passarinho, tilápia, pastel (tamanho normal e você corta pra dividir com a galera), tudo bom, nada marcante. O que tinha de diferente lá era o tal prato do concurso de comida de buteco, que no fim das contas foi o vencedor regional deste ano: um quibe frito recheado de carne de porco desfiada e pinhão, molhos de mostarda e de abacaxi, que era bastante bom, mas pessoalmente não considero como uma porção vencedora de concurso. O engraçado é que essa porção destoa completamente do resto do cardápio que é bem simplêra – é como se tivessem falado pro dono, “vamos fazer uma porção cheia de frescura pra entrar no concurso e atrair gente pro bar”, e deu resultado... deve ter sido isso mesmo que aconteceu. Quando pedimos o prato, o atendente meio que pareceu contrariado, falando que eles eram obrigados pelo concurso a fazer a porção por um ano por terem ganhado... enfim, aproveitamos, foi bom. De bebidas, cervejas convencionais e biritas de boteco de qualidade duvidosa. Um grande atrativo do boteco é o preço, principalmente das biritas – certamente um motivo forte para bombar o estabelecimento.

Avaliação especializada!
E o dogue de castigo

Resumindo, o Bar do Cláudio é ótimo em termos de botecalidade, demonstra muito bem a essência do boteco – ambiente sem frescura, gente de bairro num clima bom, preço atrativo. Pra mim a única característica chata é a região, longe pra burro e talvez não muito aprazível pro pessoal de bairros mais nobres. A comida não tem nada específico que seja especial, se é isso que você está buscando também não encontrará. Mas a animação dos frequentadores é contagiante, o lugar é jóia.

terça-feira, 1 de julho de 2025

#282 – Gente Fina – 22/05/2025

Presentes: Adolfo, Adriano, Cabeça, Tanaka
Sugestão: Cabeça
Quando lá, comer: polenta, carne de onça, pratos

O Gente Fina Social Clube fica na rua México, onde antigamente já esteve a Petiscaria do Edmundo. Ali é esquina com Uruguai, apesar do Uruguai não fazer fronteira com o México, enfim, ali na região das ruas de países o encontro desencontrado acontece com frequência. A Uruguai é a primeira paralela à Erasto Gaertner sentido Bacacheri, então meio que você se localiza por aí né... mas se for pra explicar o caminho, o negócio é ir pela Augusto Stresser que vira Fagundes Varela, e lá perto do Bosque Portugal virar à esquerda na México, é ali que começa a rua. De lá você anda bastante e cruza com vários países e políticos desconhecidos, e logo antes da Erasto o bar estará na esquina do lado esquerdo. Se quiser ir de busão, claro, a estação tubo é Holanda, e andando no sentido contrário do fluxo na Holanda por umas quatro quadras ela vira México e o bar ainda está ali no mesmo lugar. Vai entender.

Vista da rua, o estabelecimento da esquina

O Gente Fina é um barzinho caprichado, estrutura toda de madeira, do teto ao chão, só pra fazer estilo arquitetônico numa casa de alvenaria. Paredes repletas de fotos antigas e referências à antiga Curitiba saudosa dos véio anti-social. O lugar tem resumidamente três ambientes, o salão de cima, o salão de baixo e lá fora. O salão de cima é em cima, com pé direito alto, próximo ao balcão. O salão de baixo é em baixo, pé direito baixo, longe do balcão. OK, esta frase é desnecessária. Mas dizer como chega no bar também é. O salão de fora é lá fora, você entendeu, e tem uma saudosa catraca de ônibus das antiga. Falando em saudoso, o papel que deixam embaixo do prato (dá pra chamar de jogo americano nesse caso?) tem todo um conjunto de referências a Curitiba, Vaca Cheri, bairros e monumentos, coisa e tal, bem bonitinho. A música que rola no estabelecimento é muito boa, puxando raízes brasileiras boas, MPB, samba raiz, choro, em bom volume. Bom, isso é de terça a quinta né... sexta e sábado tem música ao vivo, e nem quero saber o que toca, recomendo aproveitar os dias de semana tranquilos. A comida não chega a demorar muito – só um pouco.
O atendimento é... bem. A gente não é desrespeitado nem nada, tratam OK, mas tem um fenômeno estranho nesse lugar que confirmei indo duas vezes: os atendentes são cinco ou seis, bastante para o espaço disponível, mas eles dividem o atendimento das mesas por zona. Aí tem um garçom específico para sua zona de 5, 6 mesas. De forma geral, todos os atendentes ficam observando o salão de costas para o balcão. Em alguns momentos o SEU garçom está atendendo outra mesa, e você tenta chamar um garçom do balcão, até inconscientemente, pra fazer um pedido – e eles fazem absoluta questão de te ignorar! Tipo você abanando a mão obviamente na linha de visão de vários atendentes, e eles olhando para o horizonte... depois o SEU garçom vê que você está chamando e vem te atender. Tipo, podiam até fazer o gesto universal de peraí, já vai, mas só ignoram e você fica acenando feito idiota. É muito estranho. Sei não, quem sabe o clima de trabalho ali não seja legal...

Salão de cima
Salão de baixo
Lá fora
Ó que estaile esse papel
O balcão
Porções
Pratos
Biritas Top
Drinks

As comidas do estabelecimento são muito interessantes. A variedade é ideal, não pouca pra ficar sem graça nem muita pra perder qualidade em cada prato individual. No evento da confraria, o pessoal pediu várias porções, pastel, dadinho de tapioca, rolmops, torresmo, coisa boa. Bolinho de bacalhau, tirico-tico, OK. O que mais elogiaram foram a polenta e a carne de onça. Eu faltei por viagem a trabalho, vi as fotos, fiquei com inveja, fui outro dia com família. Pedimos pratos, língua com ervilha, vaca atolada, dobradinha, parmegiana, muito bom! A variedade de biritas é ótima, chopp Brahma claro e escuro, brejas convencionais, uma coleção de caipirinhas muito boas, drinks interessantes. Tem as doses meia boca da Daga, outras biritas de boteco superfaturadas, mas tá bem servido sim, de consuma o estabelecimento tá de parabéns. Nos preços, fica dividido – as comidas têm um ótimo custo-benefício, e as bebidas são bem salgadas. Na soma, preço um pouco acima da média.

Esses cara aí na visitação

Tá aí, puta lugar agradável para uma botecada. Música boa em volume bom, ambiente top, tem até um quartinho de brinquedos pra largar a criançada enquanto se bebe. O coro foi relativamente reduzido, ainda bem que o Adriano abriu uma exceção e acompanhou os presentes, certamente aproveitaram bem. Não fosse a questão do atendimento, todos os quesitos estariam altamente atendidos. Mas valeu a pena, recomendamos.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

#281 – Chinchu – 08/05/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Adolfo
Quando lá, comer: carrrrne

O Chinchu fica bem exposto, com seu letreirão na esquina da Saldanha Marinho com a Brigadeiro Franco, então se você passa ali de vez em quando, é bem capaz de você lembrar do estabelecimento quando vir a fachada na fotografia. São ruas bem conhecidas, então não precisa dizer mais sobre a localização, se você for um curitiboca... O tubo do vermeião Brigadeiro Franco é bem próximo, e ali é ruim de estacionar (chegando às 20h dá pra estacionar na própria brigadeiro), então não invente de beber e dirigir, OK?

Não pode ser que você não conheça essa esquina

O Chinchu se aproveita da moda de bar de parrilla, e tem aquele astral meio rústico meio barzinho como muitos lugares dessa moda. Paredes de tijolinho exposto, arquitetura industrial como dizem? Poucas coisas penduradas na parede, iluminação aconchegante, churrasqueira fazendo parte da decoração, tudo lá – não é uma reclamação, é agradável, mas não é original. O toque diferente é a exposição elevada das lenhas como parte da decoração, mas como tá tudo montado impecável demais, acho que não têm uso prático, devem queimar outras coisas (ui) na cocção. Do lado de fora, na calçada também tem umas mesas pra quem quer ficar assistindo ao movimento da rua. Música baixa, não lembro o gênero, mas bom de conversar. Garçons pareciam meio novos ou destreinados, era difícil ser atendido apesar de estar numa mesa bem no meio do caminho próxima à cozinha... A comida demora, é algo esperado porque assam a carne na hora. Mas os drinks também demoraram bastante, e o lugar não estava lotado, isso foi desnecessário.

Passando a entrada...
Lá pa dentro
Lá pa fora
Lá onde demoram os drinks
Combos de carne
Carnes individuais
Acompanhamentos
Beras
Drinks

De comes... carne, claro. Bar de parrilla. Eles têm uns “combos” de carnes combinadas para várias pessoas, dá uma economizada no conjunto, fomos nessa ideia. Vazio, entranhita, muito bom! Chorizo tava um pouco sem graça – suculento, mas a textura meio a desejar. Linguiça, tulipa de frango, bom. Acompanhamento 2, farofa e maionese tops. Bastante opção em qualquer quantidade que desejar, bem legal. De bebes, entre original por 21 real ou colorado por 25 real, nem tem o que pensar, vamos na cerveja cara que vale mais que uma cerveja barata cara. Variedade bem legal de drinks, mas demorados e não primorosos. Caríssimo, mas quer comer carne nobre e pagar barato?

Confraria gloriosa bem acomodada

O bar ficou relativamente vazio nessa quinta-feira, dia meio frio meio calor. Uma grande diferença dos períodos iniciais em que o antigo PF fulerão se tornou um atraente bar de parrilla, bombando com altas filas. Curitibano gosta de modismo, e esta deu uma esfriada, para nossa sorte – o que não significa que um sábado seja tranquilo nesta esquina... Fomos relativamente comedidos, com medo da mordida no bolso... e mesmo assim sofremos na saída, meio que não tem jeito, ou desembolsa ou fica com fome. Chinchu é um bar muito bem localizado e muito agradável, bom de ir com os engravatados no final do expediente. O chato são os defeitinhos pequenos, que combinados ao preço fazem com que o lugar deixe de ser memorável.