terça-feira, 10 de dezembro de 2024

#270 – Gruit Beers – 05/12/2024

Presentes: Adolfo, Adriano, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: qualquer coisa

O Gruit Beers fica na Avenida dos Estados, grande concentração de bares da Água Verde, mais pro final que pro começo. Na quadra seguinte ao Zapata, na quadra anterior do Green Gate. A estação tubo mais próxima é a Morretes, caminhada saudável, leve guarda chuva. Simples e direto, se você nunca foi num bar da Avenida dos Estados, ou não é curitibano ou não gosta de boteco, neste caso estando incorreto. Corrija.

Casa de rico convertida a bar

O Gruit Beers Pub é um Pub, bem como o nome diz, e se afasta consideravelmente da ideia de boteco. É um bar recente, se você for no gúgou meps nos próximos dias, você consegue ver um caboco trabalhando na reforma da casa, colocando o letreiro do bar em maio de 2024 e mostrando a bunda. Vou guardar um print screen aqui, se alguém duvidar deixa um comentário aí embaixo que eu mando o print. Apesar da bunda, trata-se de um lugar muito refinado, com clara influência de arquitetura de rico. Nos salões da frente, a chamada arquitetura industrial, tijolos à mostra como se fosse inacabado, luminárias afrescalhadas em formato de lúpulo dizendo o contrário, tevê e jogo de dardos. Passando no corredor à sala de trás, um forno de pizza num balcão mal-acabado, esse parece que acabou o dinheiro mesmo e largaram ali fingindo que foi de propósito. A sala de trás é estilo vitoriano, óbvio que eu não sei o que tou falando, mas vocês acreditaram, tem uns sofás e quadros estilo renascentista de gente chique do século XVIII tomando chopp, da hora. Saindo ali fora um ambiente muito agradável, mesas grandes de madeira de compartilhar num paisagismo de elite, varal de luzes, no calor certamente é uma delícia. No fundão tem brinquedo pra largar as cria e um salão fechado envidraçado que vira um ambiente reservado pra uma festinha particular caprichada. Rock clássico, lados B de Pink Floyd, fiquei até emocionado. Fomos muito bem tratados pelos atendentes, parte da comida demorou e parte veio rápido.

Salão de entrada
Forno de pizza
Castelo franco-italiano
A parte legal do negócio
Vista de trás cos brinquedo

O cardápio do lugar é bem enxuto, clique aqui pra dar uma olhada. Sim, cardápio da modinha QR code. Resumindo, meia dúzia de sabores de pizzas, um sanduíche que é o choripan, meia dúzia de tipos de carnes, pão de alho e linguiça, e alguns acompanhamentos típicos de churrasco. De bebidas, meia dúzia de chopes e outras poucas bebidas que não interessam. A variedade realmente é pequena, mas como é bom satisfaz. Pedimos algumas pizzas muito boas, só a de chocolate era ruim, podiam usar chocolate de qualidade. Choripan também bastante top, pedimos um ancho para representar as carnes, tudo de excelente qualidade exceto o chocolate. Os chopes também muito bons; a turma ficou impressionada como o pilsen que é pra ser simples já é encorpado e saboroso, e os outros chopes não ficam atrás. Enfim, paga-se a contento, as comidas são bem caras, mas o chope vale a pena, ainda mais no répi auer.

Essa aí é de estúdio

Sei lá, olhando o lugar de fora não parece tão gurmetizado, mas na realidade é. Não creio que seja algo a reclamar, pois não é um boteco falso pra chamar rico que nem o Sambiquira, a proposta é ser pub caprichado e entrega o que propõe. Tava meio chuvento então a turma pegou a primeira mesa ao adentrar o recinto, o sofá realmente é atraente. Pediram logo o choripan, levou uma era pra vir. Aí pedimos a pizza, veio em 5 min, diferença no tempo de preparo mesmo, supomos. Rolou uma preocupação que achamos o lugar vazio, tinha uma mesa grande ocupada aos fundos e mais umas três mesas ao longo da noite, mas deve ser quinta feira. Falamos de política pública e filosofia, sorteamos amigo secreto, jogamos dardos ao final. O potencial é bem grande para ser um lugar bombástico de riquinhos metidos, o pessoal tem que caprichar no márquetim pra que dê retorno. Ficamos na torcida sabor pimenta mexicana.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

#269 – Casa Verde – 21/11/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid
Sugestão: Bráulio
Quando lá, comer: Ahn...

Casa Verde tem três na cidade, de acordo com o reportado pelos caríssimos confrades, mas confesso que não procurei no gúgou porque não sou curioso. É um perto do politécnico, um perto da reitoria e esse que parece desvencilhado de universidades, mas está intimamente ligado ao ambiente frequentado por este tipo de público. Este fica na Itupava, logo depois da linha do trem que tem aquela muvuca dos barzinho na frente da ciclovia e do parquinho, sabe? O mais fácil pra chegar lá é ir pela Professor Brandão, aí quando passa a Padre Germano Mayer vira à esquerda na rua diagonal que acompanha a ciclovia, e vira à esquerda de novo na muvuca da Itupava. Quando tiver chegando na esquina de volta, o boteco é do lado esquerdo. Não sei direito as linha de busão lá, confesso que fui de Uber, mas com certeza é um busão amarelo por ali... ah! Tem um Interbairros que passa na Augusto Stresser, é o... 2 mesmo. Não confundir com o Inter 2 falcão prateado, tou falando do verde.

Um portão na Itupava

O Casa Verde é um boteco de universitário com cara de ser recente, infiltrado nos barzinho do Itupava, possivelmente visando quem não quer desembolsar demais, talvez quem não tem roupa caprichada pra entrar num barzinho escurinho da região. Tudo é absolutamente simples e sem frescura, o que não chega a ser um ponto negativo. Nas paredes tem algumas pinturas e uns papel de parede, low budget. Mesas modernas de madeira da Brahma, parece que se atualizaram com mesas “premium” diferentes das mesas de prástico vermelho de sempre. Aí o boteco se distribui em vários ambientes, tipo como se fosse uma casa velha convertida em bar (verde). O espaço da frente é um deque simpático, bring your own table de uma pilha que tem do lado de dentro. Tem duas salas internas só com mesas e vista pra TV e pro banheiro. No fundão, algumas mesas de sinuca de ficha, astral boteco fulêro mas as mesas são semi-novas (ainda), talvez com marcas de uso por adolescentes baderneiros. Tem um espaço lateral que fica meio dentro, meio fora, mas com telhado, então é simpático, mas já estava ocupado. Os atendentes são simpáticos, dois cara meio jóvi, uma moça e uma senhora vestida de cozinheira, cada vez vinha um desses trazer nossos pedidos. Chato só que não tem comanda, tem que pagar na hora, fica ruim pra nóis dividir. Os pedidos demoram consideravelmente, mas a última porção solicitada superou as demoras anteriores... a senhora certamente está sozinha na cozinha.

O deque na frente, sempre o melhor lugar
A garagem protege do sereno
Salão do bar
Mesas de sinuca
Lanches e porções
Biritas
Visualização dos thumbnails de biritas

Em relação ao cardápio... bem. Não havia expectativa nenhuma assim, mas estando na Itupava, podia ter uma variedade mais legal, pelo menos – lembrou o que consumimos no Choco, o nome do bar era... Macchu Picchu, e também no bar do Robito, mas esses lugares tinham mais clientes e um cara só dando conta de tudo. Enfim, comemos fritas, calabresa, raquetinha de frango, tudo no máximo regular, e a polenta que tava meio ruim, oleosa – infelizmente o coro estava bem baixo pra comermos outras coisas, mas não boto fé que pudesse vir algo surpreendente. No balcão também tem um monte de docinho e salgadinho, que nem numa banquinha das antiga. De birita, cervejas convencionais de várias marcas, uma variedade OK de biritas de boteco não muito exóticas, drinks de baixa qualidade e caipirinhas de velho barreiro com frutas congeladas. Nada atraente que nos traga de volta, mas foi bem barato pruma Itupava, é inegável.

Só nos papeition

Naquele dia meio chuvento, ficamos à sombra de guarda-sóis à noite para nos protegermos do sereno. Com poucas mesas ocupadas naquela noite, não era pras frituras demorarem o que demoraram... quase desistimos da calabresa, mas insistiram algumas vezes que tava vindo, ainda bem que era a última porção e a fome já tinha passado. Uma hora chegou, deu certo afinal. Muitos papos cabeça, relacionamento isso, capitalismo aquilo, conflito de interesses, problemas psicológicos, realmente a idade está avançando. Meio que não combinamos mais com esse astral de universidade, sentimos falta de comida e birita boa, que coisa. Não quero deixar o clima do post cinzento como os céus de Curitiba naquela noite... Mas o que importa é a interação botecástica entre os broderes, isto é bom e vale tudo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

#268 – Pick Nick – 07/11/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Tanaka, Pedro-san
Sugestão: Bráulio
Quando lá, comer: difícil dizer... bolinho de panceta?

O Pick Nick fica na Manoel Ribas, logo depois dos restaurantes turísticos na parte dos paralelepipos, mais especificamente a meio caminho entre o Madalosso e o Dom Antonio, do outro lado da rua. Precisa ser mais específico? Fica a um pulinho do terminal Santa Felicidade, então se tiver afinzão de pegar o Interbairros IV é jogo.

Na calçada da fama!

O Pick Nick é um clássico do cancioneiro curitibano que é incrível que não tínhamos visitado oficialmente pela Confraria. Vários de nozes já compareceram diversas vezes ao estabelecimento, sempre atestando sua qualidade, e deixando aquela lembrança de já termos ido antes. Em relação ao ambiente, na calçada do lado de fora eles botam umas mesas de madeira com guarda-sóis, e como se trata da via turística de Santa Felicidade, rua de paralelepipos, o charme é ficar fora assistindo ao movimento se não chover – esses dias até rolou um desfile de carros antigos ali. Mas se atente: o bar enche, e se tiver risco de chuva, é capaz de você ficar pra fora se começar efetivamente a chover, por falta de espaço para relocação. Choose wisely. Lá dentro, o ambiente é mais escurinho, com as paredes pretas e o espaço limitado para umas 20 pessoas. A iluminação é tosca, mesmo assim o ambiente é bem agradável. Música boa baixinha, que permite conversar. Os garçons são daqueles experientes, mal-humorados e nem olham direito pra sua cara, mas estão atentos e respondem a tudo que precisar. Os pedidos chegam muito rápido, a ponto de a gente duvidar se o pedido que chegou não era da outra mesa.

Claro que o lado de fora é o melhor espaço
Esticam a calçada até onde conseguem
Adentrando a porta, isso aí ó
Mais espaço pras mesas
O "comes" clássico
O "comes" inovador (tem outras folhas, mas não quis me delongar)
Beras convencionais
Destilados
Foto exemplo da carta de drinks

Come-se muito bem no Pick Nick, obrigado. Tem pratos feitos e sanduíches pras refeições, mas vou pular essa parte de ficar nos petiscos. Eles têm uma página de petiscos clássicos, aipim, bolinho de carne seca, tilápia, torresmo, bem bons (comemos todos esses aí também). Mas ao longo dos anos eles foram participando de concursos de comida de boteco, incorporaram alguns pratos no cardápio, e é nesses pratos que fica o diferencial. O bolinho de paleta de porco é espetacular, e vem com uma geleia de pimenta e um abacaxi com um açúcar caramelado crec crec que dá mais um plus, como se precisasse. O gordíssimo anel de hamburguer de costela combina onion rings e carne, agrada a qualquer ogro. O kibe de tilápia é surpreendente, misturam tilápia e carne pra quibe, fritam e fica bom pra cacete, como que pode? Comemos asinha de frango ao alho e agarradinho de tilápia, também muito bons. De biritas, claro que tem cervejas convencionais e alguns destilados de boteco, mas a graça é a carta de drinques. Uma grande variedade, que além dos clássicos, tem os originais da casa que você fala, não pode dar certo essa mistura tosca de ingredientes, mas você pede por curiosidade e se surpreende com o resultado, top mesmo. Pedimos alguns drinques individuais e um conjunto de seis shots, um por cada peão, agradou. O preço é meio alto, mas o benefício é a contento.

Olha os feio... dessa vez até eu tou na foto

Cara, o que falar do Pick Nick né... o nome é tosco, mas é um boteco tradicional, desde os anos 70 por ali (era isso? Não tirei foto de onde tinha escrito). Boteco pra apresentar pra mãe. Come-se e bebe-se muito bem. Rolou aquelas conversa filosófica, relacionamento e empatia, e o fígado sofrendo com as fritura, nossassinhora. Mas é difícil de parar a consuma com toda a variedade de doidera que queremos experimentar. Deu até vontade de sentar fora, mas tinha um risco mínimo de chuva que poderia nos agredir, o que acabou não acontecendo. Mas tudo bem, ficamos dentro e deu boa. Satisfizemos as metas de consumo do bar naquela noite, e em comemoração, o barman fez uma carreira de shots do mais bonito pra nóis, a qual você pode conferir nas fotos do Insta. Saímos pela meia noite e ainda tinha uma galera aproveitando a vida boa ali. Boteco memorável a ser revisitado sempre que o tempo, o corpo e o bolso permitirem.

domingo, 17 de novembro de 2024

#267 – Mercearia da Esquina – 24/10/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Tanaka, Tony
Sugestão: Tony
Quando lá, comer: dadinho de tapioca, acho

A Mercearia da Esquina fica bem no coração do Santa Quitéria, na meiuca mesmo. A rua é Ulisses Vieira, que é uma das principais do bairro, e apesar de nascer na República Argentina, acho que é mais fácil explicar vindo da Arthur Bernardes. Na parte que tem o canteiro no meio da rua, vindo da fonte dos anjos, segue rumo rápida do Portão e presta atenção do lado direito. Passando o posto BR na esquina, tu vira a próxima à direita, é a Ulisses Vieira. Aí anda longe nessa rua, vai umas sete quadras, não tem muito ponto de referência, mas na esquina da Pretextato fica o bar. A placa também é meio ruim de enxergar. Mas dando certo tem uns tambor e uns guarda sol na frente, e o aspecto meio preto neon azul identifica.

Essa casa de esquina adaptada para bar

Olha, de mercearia o boteco não tem nada, mas de fato é uma esquina. O ambiente é caprichadinho, não evoca muito boteco assim, mas constam elementos raiz. Não tem nada nas paredes, o balcão tem um fundo de tijolo à vista e o que sobrou da obra tá amontoado num dos ambientes do bar, junto com uns sacos de cimento em volta da churrasqueira meio provisória e um freezer no meio da passagem. Só a partir dessa descrição parece um lugar fulêro, mas dê uma olhada aí nas fotos, a iluminação é arquitetônica caprichada, e umas luzes azuis com o logo bonitão do bar trazem um ar moderno. Lá dentro é um clima mais finalizado assim, com mesas de madeira e uma tevezona passando futebor. Lá fora é mesa e cadeira de plástico, mas deixaram tudo combinando preto e fica mais refinado que as mesa da Brahma ou Skol. Tem uma parte externa coberta onde ficamos, se chove há goteiras mas é contornável, e tem uma parte externa mais pra rua em que as goteiras não são contornáveis. Mas é bem agradável ficar ali, a música é baixinha, os atendentes camaradas, e a comida leva um pouco de tempo mas chega bem, obrigado.

Lá fora, não deu pra ficar...
O espaço mais botecável é o lateral
Lá dentro é mais arrumadinho
Comes
Bebes
O balcão de biritas e ingredientes de drinques

A variedade de comes é um pouco limitada, pelos padrões que costumamos ver por aí, mas atende plenamente a necessidades botecais. A dica que daríamos é que os ingredientes dos sanduíches poderiam ser convertidos em porções, contribuindo com a variedade... enfim, comemos o dadinho de tapioca, tinha “sabor” linguiça Blumenau e “sabor” costela, não é recheado, mas acho que misturam um pouco na massa antes de torná-la cúbica, imagino – e tava bom, talvez a melhor coisa que serviram. Aipim e frango cocrante também bons. O torresmo era um pouco sofrível, pedimos de rolo e trouxeram picado em pedacinhos, questionamos e falaram que era em rolo mas cortaram pra facilitar, desconfiamos que era pra cobrar mais caro... de qualquer forma, era de qualidade abaixo da média que consumimos por aí. Não tinha palito de queijo. De biritas, cervejas convencionais, alguns destilados semi-refinados, e um bartender raiz – pena que não apareceu em nenhuma foto, um piazão animado pra fazer uma coquetelaria, dizia que fazia o que pedissem. Pedimos alguns drinques e ele cumpriu as solicitações, foi legal. Preço um pouco acima do desejado.

Aqueles que botecaram naquela noite

O climão do boteco é divertido, com o pátio do lado de fora. Quando chegamos já caiu um temporal desgraçado, as goteiras se pronunciaram, e a gente reposicionou nossas mesas para fugir do agüero. Bráulio levou dois amigos visitantes do exterior, rio de janeiro acho que era, para beber e bagunçar conosco. Torcida do Curíntia torcendo forte naquela noite, reverberando pelos internos do bar. Bebemos e comemos o quanto o sistema corpóreo permitia, e no final apareceu uma trabalhadora da noite querendo envolvimento, então fugimos a galope. Histórias de bar.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

#266 – Espaço da Zé – 10/10/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka, Tony
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: o pessoal gostou do quibe frito

O Espaço da Zé fica na Julia da Costa, na primeira quadra, bem perto do centro. Sabe aquela mesquita no final da feirinha do largo da ordem? Se você segue na rua rumo ao Bigorrilho, ela faz uma curva e cai na Julia da Costa, e o bar fica logo ali do lado esquerdo, tem uma cobertura na calçada para mesas. Acho que o jeito mais fácil de cair ali é pela Martim Afonso, e quando tá quase passando por debaixo do viaduto, vira à direita na última rua, é a Kellers. Aí a próxima à direita é a Julia da Costa, que é mão única sentido Bigorrilho. Outro jeito fácil é de busão, descendo na estação tubo Visconde de Nacar, você sobe a rua umas 3 quadras, vira à direita e anda duas, é ali. Se você visitar a feirinha é só esticar um pouco a caminhada que o bar é um restaurante que bomba aos domingos.

Ao lado do peruano bom

O Espaço da Zé é bem pequenininho na real, nem dá pra falar muito de ambiente e decoração. Tem um salão (salinha) que talvez caiba três mesas da Skol bem apertado, o balcão que atendem, e o resto é do lado de fora, embaixo de um toldo sobre a calçada. Eles têm algumas mesas de madeira já instaladas do lado de fora quando você chega, comportando tipo uma dúzia de pessoas, e à medida que enche mais de gente, vão desdobrando novas mesas sobre a calçada. Mas o primeiro espaço que é ocupado é claramente embaixo do toldo, então não é um bom lugar pra escolher se está chovendo. No fim de semana tem almoço, e pelo jeitão de cozinheira da Zé, o almoço é o principal motivo do lugar operar, e bomba mesmo! O pessoal da feirinha gosta de parar ali depois do rolê no meio dia de domingo. Enfim, de noite tem um jeitão de boteco, serve porções e sanduíches. Você tem que pagar no balcão quando pede, eles não abrem comanda, certamente porque no fim de semana é muvuca. Quem atende é um cara bombado e mal-encarado, filho da Zé, mas não chega a faltar com a educação, é só uma personalidade séria mesmo. A dona Zé é bem simpática, cozinha tudo e veio dar um oi pra nós. A comida não demora demais, mesmo porque o boteco não comporta muita gente de qualquer forma.

Lá dentro
Lá fora
Os comes. Cardápio colado no balcão
Balcão

O cardápio da noite é relativamente simples: pastéis e frituras, e alguns sanduíches. Estando em galera, ficamos nas porções, claro, e a porção que mais agradou a turma foi de quibe frito. Sei lá, eu pessoalmente achei meio estranho o tempero, mas realmente era diferenciado – um troço com cominho, talvez erva doce? Dona Zé guardou seu segredo quando questionada em relação ao tempero. As frituras também são legais, destacando-se os bolinhos de costela e de queijo, que vêm um azeite de dendê apimentado bem bom. Os pastéis são bons, mas não têm nada de mais. Quando oferecida uma pimenta mais porreta, claro que os ogro ficaram curioso, e é ardida mesmo, cuide. Biritas... não chamam muito a atenção. Cervejas convencionais e uma seleção de biritas de boteco bem chinfrim, uma cachaça artesanal meia boca e mais nada marcadamente bom. Preço meio que na média que temos pago por aí.

Dona Zé vindo inspecionar nossa mesa
Os homi

No início da noite Adolfo e Tanaka que chegaram primeiro foram atendidos com mau humor pelo cara bombado, que montou a mesa do lado de fora porque o toldo tava ocupado. O medo da chuva e o tratamento fizeram com que temessem um fracasso completo da botecada. Tinha também que pagar cada vez que fazia um pedido, meio chato pra dividir a conta. Mas aí o resto da turma chegou com boas intenções e otimismo, e o humor geral melhorou. Chegamos à conclusão que o cara bombado devia ter levado uma bronca da mãe, depois ele ficou mais sossegado. Dona Zé ficou curiosa em relação à mesa de idiotas que tinha pedido todo o cardápio, e veio dar um oi – Tony se identificou imediatamente, porque Dona Zé lembra a falecida vó, e parece mesmo! Reencarnação energética ou sei que lá. Muito simpática, trouxe uma pimenta chocolate para o Tony plantar no vaso. Depois de um tempo migramos para debaixo do toldo, mas não chegou a chover de verdade. Uns papo sério, mas a maioria foi papo zuêra, tranquilidade e good vibes.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

#265 – Bar do Robito – 26/09/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid
Sugestão: Cabeça
Quando lá, comer: gostei do aipim

O Bar do Robito fica naquele meio termo entre Cristo Rei, Tarumã e Jardim Social, você pode usar qual bairro quiser dependendo do público que tiver te ouvindo. Pra chegar lá você vai pela Marechal Deodoro lá pro final, e passa por baixo da Nossa Senhora da Luz. Você vai passar o posto logo do lado direito e virar a próxima à direita, rua Frei Orlando. Segue nela umas 6 quadras, mas ali é tudo quadra bem pequenininha. O boteco estará do lado esquerdo. Claro que tem outras formas de vir pela Nossa Senhora da Luz e tal, que ali se chama Marechal sei que lá, deixa eu ver... Humberto de Alencar Castelo Branco, olhe que poderoso, o boteco fica na altura do Limoeiro e do Peruano. E a melhor opção, o glorioso Falcão Prateado, para na Estação Praça das Nações se você quiser dar uma caminhada.

Ah lá o botecão com dono e tudo!

O Bar do Robito é um crássico botecão, inegavelmente, e traz aquele astral de villa ou bairros periféricos. Parede de azulejo, teto de eternite, paredes brancas sem nada, pôster de bera e Lotomania, sinuca de ficha, mesa e cadeira da Brahma, TV passando futebol... difícil achar um elemento de botecão não presente. O dono e único atendente é o Robito, que figura em algumas fotos aqui, um cara muito simpático surpreendentemente jovem para sua função, manco de uma das pernas, assim ficando de certa forma caricato. Duvido plenamente que algum peão da dúzia que compareceu ao bar não fosse um frequentador assíduo. Sorte que o estereótipo se aplica, e os nativos só foram lá pra beber mesmo, fazendo com que Robito ficasse disponível para preparar nossas frituras sem muita demora. Aí aquele xquema né, quer uma birita da geladeira, vai lá pegar e só aponta pra ele anotar; quer uma da prateleira ele te serve uma dose generosa.

Lado de fora, cobertura contra intempéries, coisa fina
Lado de dentro, mesa de sinuca, note as geladeiras perdidas
Lá pra dentro, o balcão, a prateleira, o Robito
A geladeira das opções premium

Que cardápio? Nem lembro direito se o Robito falou que estava sem o cardápio que já existiu ou se não era pra ter de vez, mas cardápio verbal é mais um aspecto de botecão. O ruim é que você acaba dependendo da memória do cidadão pra falar o que tem, pode ser que ele esqueça de alguma opção. Para EU não esquecer, eu anotei o que ele falou: fritas, aipim, calabresa, bolinho de carne, polenta, tábua de frios... (naquele tom de reticências no final da frase, sabe? Aí você fica achando que realmente ele esqueceu alguma opção). Bom, estávamos em poucos confrades, então pedimos tudo isso aí fora a tábua de frios, mais uma rodada de rolmops, sem repetir. Agradou! Claro que eram frituras congeladas, mas tava tudo bem bom, sem reclamações – talvez adequado às expectativas. Para beber, beras convencionais não faltam, claro, e algumas biritas de boteco da prateleira. Mas a geladeira tinha opções mais nobres, tinha até uma garrafa de vinho perdida lá! Sabe lá de quando... Enfim, o pessoal tava meio fraco de birita dessa vez, mas não resistiu a uns destilados de boteco, e os desejos crássicos do Cabeça de caipirinha e batida de maracujá. Preço amistoso, adequado ao tipo de estabelecimento.

Esses aí os botecantes

Sabe que quando tem pouca gente assim, o pessoal acaba se encorajando a fazer umas discussões mais filosóficas, sessões de terapia, discutir uns assunto sério, e foi o que aconteceu ali, pessoal se livrando de uns peso e desenvergando as perna das cadeira de prástico vermeio. Robito muito solícito trazia as porções e biritas e limpava a mesa com frequência acima do boteco convencional, mesmo mancando, cara firmeza (antítese). Apesar da seriedade do bagulho, tinha um ar de conforto que o clima interiorano da rua tranquila trazia. Rolou uns Dreher, Undemberg, besteirol, véios cumprimentando na entrada e saída, bandeira de candidato a vereador na calçada, ficamos até o final e quando fomos embora, um par de nativos que tinha sobrado também foi pra dar uma folga ao Robito. Botecão aprovado.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

#264 – Caramelo – 12/09/2024

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Tanaka
Quando lá, comer: isca de tilápia

O Caramelo fica na Prudente de Morais, esse é central e fácil de explicar. A Prudente de Morais se tornou um hotspot (ou ponto quente pra ti que não fala ingreis) na cidade, especialmente nas últimas duas quadras, em que temos um bar do lado do outro cheio de jóvis nas calçadas. Mas este bar é um pouco mais afastado, fica na primeira esquina a partir da Fernando Moreira, a rua dos Chorões e dos vermeião. E por isso mesmo que o mais fácil pra chegar ali é pegar o Centenário Campo Comprido e descer na Estação Brigadeiro Franco, a uma quadra do bar. Ou caminhe de onde quer que você venha – se for vir de carro, além de arriscar seu bolso, sua vida e a de outros, saiba que é desgraçado de achar vaga pra estacionar ali.

Essa esquina na Prudente

Caramelo se refere ao nosso querido vira-lata caramelo, animal espiritual e símbolo maior do Brasil, digno de substituir a arara na nota de 10 real, e está estampado em alguns lugares no boteco, notadamente no mural do outro lado da rua e no copinho de stanhégar que compõe o submarino (sim, pode levar embora!). Em relação ao ambiente, o bar se propõe a ser um botecão raiz, contudo é produzido por gente rica – não é autêntico como o Brothers 2 que a gente foi na visita anterior. Mas eles obtêm muito mais sucesso na botecalidade que o Boa Praça ou o Sambiquira, que tem a mesma proposição mas falham miseravelmente no ambiente ou no preço. Em relação ao ambiente, tem que ser simples e largadão, e é isso mesmo – mesas de madeira, paredes brancas sem placas só com uns letreiros aqui e ali, caixas de cerveja espalhadas, e pra trazer um ar de interior, uns chuveiro e havaiana pendurado no teto à venda pra fazer estilo. Barato de montar e eficaz. Dois ambientes, um em formato de L ao redor do balcão e da cozinha, e o lado de fora em que uma JBL roda uns samba e pagode sem piedade, ficou claro que é melhor ficar dentro. Tendo sorte você acerta a mesa da janela, em que cadeiras na calçada do lado de fora compartilham o ambiente duplo e fica bem legal. É meio difícil chamar a atenção dos atendentes, demora um pouco, mas como a comida sai da cozinha no corredor que estávamos, basta interceptar o garção na passagem. A comida também demora um pouco, mas não é exagerado assim.

O glorioso Lado de Fora, estragado pela JBL como muitas praias
Corredor lateral, apertado porém tranquilo
Lá dentro fora o balcão é isso aqui
O cardápio de consumas de boteco é isso aqui

Falando em comida então: não teve uma boa impressão, assim. Tipo, era pra ser bom, mas falhava, entende? Um grande problema que notávamos era que de vez em quando os atendentes simplesmente sumiam, aí a gente tava perto da janelinha da cozinha que sai a comida, e a comida ficava ali uns 5 minutos antes de aparecer um caboclo pra pegar e levar na mesa. Nesse tempo, o queijo endurece, a comida esfria... mas é estranho, porque tava calor – acho que dentro da cozinha também deixam a comida abandonada antes de levar pra janelinha, porque a comida demora um tanto. A isca de tilápia agradou bem, muito boa. Bolinho de arroz e aipim também bons. O X-pernil era sem gosto, queijo endurecido pelo abandono – assim como o pastel de queijo, sem gosto e endurecido. Torresmo OK, melhor que o Crackling House certamente. Frango a passarinho de baixa qualidade, muita gordura e osso, pouca carne. Bolinho de feijoada meio endurecido também, mordendo cai toda a couve do meio, era pra ser misturado. De bebida, a graça é o submarino, que nessas alturas já é um crássico curitibano, em vem com a canequinha do caramelo (pode levar pra casa!). Cervejas convencionais que não tem como errar e drinks – os drinks eram criativos, no cardápio parecem ótimas ideias, mas você toma e é meio sem graça... quem sabe falte quantidade nos ingredientes mais marcantes. O preço é pesado, principalmente se você pede submarino sem prestar atenção, relembrando que afinal estamos num centro boêmio em área nobre da cidade.

Essa é a foto que o pessoal saiu melhor, apesar do ângulo. Ninguém tem paciência pra esperar foto

Ficamos numa mesa do corredor lateral, conforme citado, e assim que a mesa da calçada foi liberada, ocupamos a mesa híbrida pela janela, ocupando o ambiente interno e externo, clima top. O astral do boteco é bem legal, buscando-se fugir da muvuca e do som na parte da frente, é um lugar gostoso pra bater um papo e tomar uma. Como o lugar é meio recente, pode ser que chegue um momento que as pessoas descubram e fique uma zona inabitável como aconteceu com o seu prudente. Mas por causa do abandono da comida, dificuldades de atendimento e preço, não é um lugar assim que porra, queremos voltar pra aproveitar. É uma saída legal se você está na região da prudente, tá afim de tomar uma e não quer encarar a bagunça da última quadra.