sábado, 11 de outubro de 2025

#290 – Bar do Toquinho – 11/09/2025

Presentes: Adolfo, Adriano, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Cabeça
Quando lá, comer: o que tiver, se tiver?

O Bar do Toquinho fica na 24 de Maio, quase esquina com Rua Chile, do lado esquerdo. Preciso dizer mais alguma coisa? Curitibanos saberão só com essa descrição, e forasteiros procurarão no Google Maps mesmo. É um estilo antigo de responder quando alguém pergunta, onde é tal lugar? Exercício contra Alzheimer, recomendo. Chato que ali é meio que longe dos tubos do expresso, só os amarelos param perto, mas tenho certeza que você se vira.

Os nativos estranhando muito esses loco com a bandeira na calçada

O Bar do Toquinho é um lugar moderninho simplêra, quase que uma garagem, mas consegue ser aconchegante só nos detalhes. É um salão quadrado pequeno com duas portas de loja e só. Aí pra ter uma graça, tem varal de lâmpadas no teto, um painel coberto de “tipo” grama de um lado, um telão de outro, uma TV e um balcão, um quadro instagramável do Zeca Pagodinho e fim de papo. Na real dentro do salão cabem no máximo 4 mesas, mas só tem uma ou duas, o propósito sendo a turma tomar uma em pé mesmo ou se espalhar pela calçada. Quem atende é o próprio Toquinho, um cidadão muito simpático, que toca o boteco sozinho. Resumindo, é tipo um cara com um sonho, tá ligado? Aí ele vai lá e abre um boteco pros amigos, oferece uns drinks e chopps, e promove a socialização da nova geração.

Olha aí o astral de garagem
Ali o quadro do Zeca Pagodinho, não ligo pra foto fazendo pose
Calçada, o ambiente externo de bar por excelência
O cardápio artesanal de bebidas

Toquinho não sabe ao certo quais dos amigos dele vão aparecer em quais dias, então ele organiza os itens perecíveis em agendas. Nós que não sabíamos disso sofremos com o fato – chegando lá, não tinha comida, que o irmão dele (ou era ele mesmo? Sei que em algum ponto tinha participação do irmão dele) ia fabricar uns bolinhos de carne supostamente famosos. Diz Toquinho que também rola carne de onça às vezes. Enfim, fica a dica, em resolvendo vir ao estabelecimento, chamar Toquinho no Insta para ver se vai ter comes. Toquinho faz drinks brasileiros clássicos decentes e serve chopes, jovial e barateza.

Clássica mesa de bar 

Conforme citado, chegamos ao estabelecimento e não tinha comida, então ficamos discutindo o que fazer. Surgem perguntas filosóficas, dúvidas existenciais, para que serve um boteco? A nota do lugar será ruim? O foco de um bar não era pra ser bebida? Pedimos uma pizza? Neste ínterim, Toquinho percebeu nossa angústia e arrumou uma caixa de frango frito num estabelecimento próximo, muito firmeza o cidadão. O frango estava meia boca, mas jamais reclamaríamos pela hospitalidade do dono do bar, que inclusive se recusou a receber pagamento da cortesia. O Bráulio estava revoltado, era fome, e queria ir em algum estabelecimento próximo, então fomos ali no tal... Gracco Burger a uma quadra de distância, o pessoal se acabou no hambúrguer gorduroso de rico e se acalmou. Voltamos ali no Toquinho pra tomar mais uma em homenagem ao próprio. Então é isso, um resumo bem resumido de um evento sem grandes eventos. Buscando um ambiente jóvi só pra tomar uma, mas querendo fugir da muvuca de um inferninho, este boteco é uma opção legal.

terça-feira, 30 de setembro de 2025

#289 – Armazém Santos – 28/08/2025

Presentes: Adriano, Cabeça, Cid, Tanaka
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: bolinho de carne

O Armazém Santos fica no São Braz, lá pras banda de Santa Felicidade, em frente ao clube Três Marias. Bom, pra quem é da cidade já tá fácil... Pra quem não é, a rua de referência de acesso é a Toaldo Tulio, que vindo do Barigui o acesso é pela BR277 sentido Ponta Grossa, vindo da Manoel Ribas é lá pela igreja perto da rua de paralelepípedo dos restaurantes. Mais pras banda da 277, a Toaldo Tulio tem uma derivação rumo ao Três Marias, o nome da rua é Três Marias também. A rua tem um descidão com curvas, onde ficava o antigo Armazém Santos, sempre com uma multidão esparramada pela calçada, e depois tem uma subidona – o boteco atual surge do lado esquerdo, amarelão, depois do Celeiro e em frente ao clube, difícil de perder. O busão pra chegar ali é o verdão, interbairros IV, baldeável no terminal de Campo Comprido.

O amarelão do Três Marias

O Armazém Santos é um bar estilo armazém, como diz o nome, e conta com uma porrada de itens “vintage” de mercados de pulgas, ou objetos que tinham na casa da vó e quem teve visão de futuro não jogou fora. No salão principal, ao redor das várias mesas de madeira pesada (pra não dizer maciça, não confundir com madeira de lei), você encontra tevês e rádios velhos, bicicletas e acessórios de carros antigos, chapéus e canecas, tem até uma cadeira de barbeiro das antigas. O que chama mais a atenção é um orelhão com o símbolo da extinta Telepar, mas o que tá escrito é Telebar, e tem um telefone de cartão dentro... lembra desses? Interessante que com tanto bagulho, o bar não tenha cheiro de naftalina – inclusive, o ambiente é limpo e muito agradável, tanto pela iluminação bem pensada, passando pelo roque clássico a volumes tranquilos, convidativo ao bate-papo, e chegando ao tratamento do CPT. O dono se chama Leandro, e pelo que entendi ele é irmão do Jean, dono do bar Garagem que fica na 277, e igualmente fã de carros antigos. Leandro é muito gente boa, daqueles peão que tem assunto infinito pruma conversa, nascido e criado no Mossunguê / Orleans, e trata todo mundo que entra como se fosse da família. Certamente é por isso que as vagas mais concorridas no bar (pelo menos à noite) são junto ao balcão, na frente do estabelecimento, estando também ao alcance das geladeiras de bebidas e da máquina de chopp. O horário do bar é de quarta a domingo, sendo de quarta a sábado às noites e fim de semana no almoço – mas fique ligado, o astral é de boteco de bairro, e se o movimento tá pobre demais, Leandro pode fechar o bar a qualquer hora, possivelmente por isso que ele não coloca no Maps nem no Insta o horário de funcionamento. Leandro atende pessoalmente o povão, e tem duas senhoras para ajudá-lo na cozinha, mas o bar fica bem movimentado, então não espere um atendimento super eficaz.

Ambiente vintage
Bagulho pra tudo que é lado
No andar de baixo tem um presídio pra largar as cria (desculpa LGPD, devo apagar as caras das crianças?)
O balcão bombando com o Leandro bem loco
Geladeira de armazém gurmê
O cardápio

Acredito que o Armazém Santos seja mais conhecido pelos almoços de fim de semana, pelo menos as fotos do Insta mostram que o bar bomba de verdade durante o dia. Durante a noite, os nativos costumam ir pra tomar uma, então o cardápio é bastante enxuto. Comemos meio que tudo que tinha de porção, batata e polenta, calabresa, alcatra acebolada na chapa com provolone, nada memorável mas bom. Pão com bolinho bom. O que mais agradou foram os bolinhos de carne suculentos. De bebes, uma boa variedade de cervejas convencionais e biritas de boteco, o Leandro faz caipirinha também, nada muito elaborado, astral armazém, mas atende plenamente às necessidades etílicas. Preços ficam em uma média saudável, não há abuso.

Nobres que priorizaram o boteco

Fiquei com medo de não abrirem no dia do boteco, não tinha nenhuma indicação de horário de funcionamento... fui lá no dia anterior e já aprendi a história de vida do Leandro, um bate-papo muito agradável, com participação de nativos da região e até o veinho vendedor de tele-sena do bairro. O boteco sendo longe pra burro do centro, um monte de gente afrouxou, falta de empenho... Mas estiveram firmes Tanaka, Adriano e Cabeça. O ambiente é muito tranquilo e familiar, comida boa, o Leandro é muito simpático, seria um boteco perfeito... porém... nossa experiência não foi sem revezes. O astral de boteco de bairro vai longe, então sentimos falta de alguma gestão e procedimentos para um sucesso completo do estabelecimento.

O Leandro estava absolutamente cercado de nativos no balcão, devia ter umas 20 pessoas, ele servindo birita e petiscos adoidado, então rolava uma demora para atender, tudo bem. Em certo momento, pedimos a tábua de alcatra colorida com provolone. Uns 10 minutos depois, Leandro vem e fala que a alcatra não está colorida, pois não tem pimentão. Ótimo, pensei, a única comida que não gosto, manda ver, OK. Tudo beleza. Mais 10 minutos além, aparece a senhora da cozinha pra falar que a alcatra não está colorida, pois não tem pimentão. Ótimo, pensei, a única comida que não gosto, manda ver, OK, sensação de deja vu. A senhora diz que tudo bem então, estava esperando o Leandro confirmar que era mesmo pra fazer, e ficou por isso mesmo... a alcatra veio 40 minutos após o pedido original. Tudo bem, estava boa, os outros pedidos já tinham dado uma forrada no estômago, exceto para o Cabeça que chegou tarde, mas enfim. Dali a pouco passam as duas senhoras, boa noite, e saem do bar. Adriano fala, acho que a comida está indo embora. Perguntamos ao Leandro, a comida foi embora? E ele diz sim, a comida foi embora. Era 21h15, sem aviso prévio nenhum. Eu e Tanaka estávamos de boa, mas Cabeça ficou bem contrariado, com razão – avisar que a cozinha está fechando é básico. Tanaka já estava de saída cedo, então pagamos a conta, e fui com o Cabeça e o Adriano terminar de comer no Celeiro ao lado – e depois de pedir duas porções no Celeiro, o garçom veio e falou que a cozinha está fechando, desejam mais alguma coisa? Certificando que o Celeiro tem procedimentos adequados para o sucesso do estabelecimento. Garçom excelente por sinal, fico triste em ter esquecido do nome dele pois o elogiaria publicamente neste post.

Resumindo, o Armazém Santos é um lugar top demais, ambiente diferenciado, e vale muito a pena pegar um dia tranquilo pra bater um papo com o Leandro e tomar uma gelada – é um estabelecimento que dá vontade de não ir embora. Para ser perfeito, só falta mais um ajudante pra atender as mesas e um punhado de protocolos de atendimento. Por mais chato que soe, os clientes agradecem.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

#288 – Bar Otelo – 14/08/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Tanaka
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: croquete de ossobuco

O Bar Otelo fica na encruzilhada da Carlos de Carvalho com a Prudente de Morais, no novo inferninho badalado entre o centro e o Bigorrilho. O endereço do bar é na Carlos de Carvalho, passando a Prudente, logo antes de chegar na Brigadeiro Franco, do lado esquerdo. Não tem muito mais o que falar em relação à localização, fora a proximidade com o tubo da Praça Osório e a dificuldade de estacionar. Desista dessa vida de beber e dirigir que uma hora dá mehda. Seja saudável e atlético, visite o boteco a pé.

Em região nobre da cidade

O Bar Otelo busca um ambiente de botecão clássico carioca, puxando mais pruma experiência gurmetizada como é o Sambiquira. O ambiente central do bar é um puta salão com as mesas de madeira preta bastante próximas umas às outras. As paredes são ocupadas totalmente com quadros de fotos históricas e propagandas antigas, algumas pérolas aqui e ali – mais pra cima (sim, próximo ao teto) os espaços vazios são ocupados por canecas e garrafas. Chão de azulejos brancos e pretos alternados e uma renca de garção com vestimentas tradicionais de garção completam a cena botecal, com uma boa dose de poluição visual e sonora. Por sinal, o alarido é brabo neste estabelecimento, talvez pelo próprio número de pessoas que lota o bar na grande maioria dos dias – tentaram botar um isolamento sob as mesas, aquelas espumas em formato de caixa de ovo, mas praticamente em vão, é necessário ter gogó potente pra ser ouvido num bate-papo. Tocam música brasileira de boa qualidade, e a TV passa futebol, tudo de acordo com o tema pretendido. Os pedidos demoram tempos aleatórios e os garção precisam ser puxados pelo braço para que te atendam, apesar de terem vários circulando o bar a todo momento. Mais detalhes ao final da resenha.

O ambiente
Uma olhadinha mais de perto no balcão
Lá fora, mal tem espaço pra deixar a bera na mesa
Comes I
Comes II
Bebes I
Bebes II
Ótimas referências

Os comes são bem caprichados no Otelo. O cardápio é vasto e tudo que comemos foi muito bom. Destaque especial para o croquete de ossobuco com queijo, realmente espetacular e merecendo repetição. Camarão crocante à dorê excelente. Pastel, frango, aipim, rollmops, não tem erro. Tem vários pratos completos para refeições, mas nos ativemos às porções, principalmente porque o coro foi baixo neste dia (do nosso grupo, não do bar sempre lotado). A variedade de bebidas também é bem ampla – chopp Brahma claro e escuro (acho que não é o black, falta gás, mas não sou especialista), cervejas convencionais, caipiras e drinks. Pedimos alguns poucos drinks que não impressionaram, vampiro de Curitiba, o negroni que o Adolfo não larga, foram decentes. Na última página do cardápio, uma lista bem interessante de biritas de boteco. O que não é interessante é o preço, bastante abusivo de forma geral, em especial para as bebidas. As porções têm um preço mais OK, mas os tamanhos são pequenos. A receita é similar ao Sambiquira, mas pelo menos no Otelo as comidas são bem caprichadonas, não é cobrar caro demais pelo simples como no outro.

Autoridades no boteco

OK, experiências vivenciadas... cheguei antes da galera por medo de lotar, e realmente lotou – Tanaka apareceu, quando o Adolfo chegou o bar já tinha lotado, e não era tarde não. Cabeça apareceu depois e fomos só nozes. Enfim, eu pedi um chopp adiantado, e quando o Tanaka chegou pediu uma porção de pastel e um chopp. O pastel veio até que rápido, mas o chopp... chamamos o garçom, ele falou ah é, e foi pedir de novo. Mais dez minutos de paciência, saindo chopp adoidado pras outras mesas, mais cinco minutos pra pegarmos um garçom pelo braço, “ainda não veio”? e ele arrumou o chopp finalmente, muita demora. Olhando para o salão, cinco garçons tirando pedidos loucamente, e um cara só servindo chopp no balcão, coisa que não faz sentido... assim como a gente não conseguir chamar garçom, é só por contato físico mesmo, sugiro sentar do meio pra dentro pra conseguir agarrar o garçom passando. Chamar o garçom foi difícil a noite toda, e rolou atraso de fornecimento de chopp mais umas duas vezes. Algumas porções de comidas vinham incrivelmente rápido, outras demoravam... Realmente cumpre o tema proposto de boteco carioca, me senti no Rio de Janeiro com essa qualidade de serviço. Na outra mesa tava sentado o Mário (conhece o Mário?), camiseta vermelha, boné, bigodão e jeans, muito caricato, e depois do Mário ir embora, um magrelo bigodudo ocupou a mesma mesa, Luigi... icônico. Pedimos comes e bebes conforme a paciência e o espaço na barriga permitiam... Enfim, as comidas dão uma boa compensada, o ambiente é bem legal apesar do barulho, mas o custo-benefício sofre com os pontos negativos. Todo o barulho deixou a gente cansado, e fomos embora pelas 23hpouco com o bar ainda movimentado.

sábado, 30 de agosto de 2025

#287 – Brothers Distribuidora / Baita Fome – 31/07/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Pedro-san
Quando lá, comer: pastel

Pronto, chegou a hora de irmos no Brothers, tanto sugerido pelo Pedro-san. A distribuidora de bebidas fica no caminho dos ônibus, como diz o Pedro-san que descobriu o lugar porque passou o ônibus da firma na frente, e realmente no período que estivemos lá passaram muitos ônibus de linha e fretados. O nome da rua é Eng. João Bley Filho, fica no Pinheirinho um pouco pra lá da linha verde, quase no limite com o Boqueirão, o quinto ponto cardeal. Essa rua é uma veia principal de quem sai da linha verde rumo ao Boqueirão. Pra chegar na distribuidora, você pega a rápida do Portão sentido Portão e vai embora até o final. Quando passar pela trincheira sob a linha verde, vira a primeira à esquerda, anda duas quadras até o fim da rua. Vira à direita, essa é a rua da distribuidora. Rodando uns 200m, a rua vai ter um descidão, e mais uns 500m pra frente a distribuidora fica do lado esquerdo. Assim como para o Brothers Petiscaria, você também pode pegar o Uber e dizer que quer ir na distribuidora, cuidando pra não confundir com o Brothers Bar e Petiscaria, Brothers gym, Brothers burger, Brothers sound car ou Brothers motocenter.

Para os confins do mundo... do município!

O Brothers é uma distribuidora de bebidas, conforme escrito repetidamente acima, loja mesmo. Mas do lado tem um botequinho chamado Baita Fome, e eles acertaram plenamente na escolha da iluminação, porque de fora parece um lugar legal pra tomar uma, chama a atenção mesmo. Fica a dica pra quem quer abrir um bar, luz quente faz MUITA diferença – o boteco nunca teria sido sugerido se a lâmpada fosse fluorescente branca, acreditem. Enfim, o letreiro do Baita Fome é pequeno, e o que aparece de verdade da rua é o letreiro do Brothers. Vou descrever os dois estabelecimentos aqui. O Brothers é uma distribuidora de bebidas num galpão alto, coisa simples, geladeiras e prateleiras com grande variedade de biritas desgraçadas que você nunca imaginou e algumas biritas de qualidade mais top. No caixa tem uma seleção interessante de porcariada, paçoca, balas e coisinhas de mercearia. Tem cigarro também, mas nem devia ter, cigarro devia ser vendido só em farmácia hoje em dia, só com receita médica pra quem não vive sem. O preço é preço de loja, mais barato que tomar a mesma coisa num boteco, mas não diferente do preço de um supermercado. O Baita Fome, por sua vez, é um caixote de lata tipo um container, com janelão pra rua e uma parede de madeira simples do outro lado, e um cheirão de óleo de fritura no ar. É ocupado por algumas mesas de madeira e tambores, e um balcão estilo food truck, que devia ser o estabelecimento original, ao redor do qual montaram o caixote porque ninguém ficava ali no frio e na chuva. Mesmo com isso, no frio o lugar é bem frio, as paredes não isolam muito, mas vento e chuva não têm. Absolutamente simples e barato, e mesmo assim tão atraente visto de fora, não subestimem o poder dos varais de lâmpada quente. As moças que tocam o lugar são bem simpáticas e fomos muito bem atendidos. A comida não demorou demais, exceto os espetinhos, mas às vezes dá uma demorada quando chega alguém novo pedindo coisa. Cuidado que o tempo passa rápido, ainda mais que o lugar é longe, aí a distribuidora de bebidas fecha sem você perceber às 22h, antes de comprar tudo o que queria. O Baita Fome também serve chopp, se você não tiver atento.

Uma visão geral dos estabelecimentos
Pessoal maravilhado com as opções do Brothers
Besteirada no caixa
Dentro do caixote
Visto do outro lado
Comes
Espetinhos do dia
Bebes

O astral do Baita Fome é de food truck e as comidas também estão neste estilo. Servem espetinhos, porções e pastéis. O espetinho tava meia boca, tipo um espetinho de gato – a estrutura é meio pequena e tava frio demais, então não é um clima adequado pra fazer espetinho se você não tem uma churrasqueira grande, algumas coisas vieram malpassadas demais. De porções, a tilápia é OK, mas fiquei com um pouco de medo, senti uns gosto de água de peixe nums pedaço, sei lá, mas acho que ninguém passou mal. O frango é RUIM de verdade, meio molenga, gosto de óleo de fritura velho, e a batata também ruinzinha, abaixo da média dos botecões que visitamos - o cheddar de bisnaga gelado espalhado em cima da batata não ajuda. O que resta é o pastel, esse tava gostoso, gordurentão, é a sugestão que sobra aqui. De bebidas, o Baita Fome só tem chopp, mas pra que ter mais variedade se tem uma distribuidora de bebidas do lado. O chopp é meia boca também, sugerimos pegar uma birita escolhida no Brothers, o preço também vale mais a pena. No final das contas, o preço é menor que a média, mas a qualidade é mais menor, então o custo-benefício é meia boca também.

Guerreiros reais do mundo moderno!

Caiu no suplente que iríamos no Brothers, para a alegria do Pedro-san, então fomos, seguindo a real democracia que deveria ser primordial para os governos de todas as nações. Lugar longe pra cacete, chegamos eu e Tanaka primeiro, logo Adolfo chegou de bike (depois viria a sofrer histórias de horror no retorno pra casa, quebrou a bike de madruga e tal). Combinamos que todos escolheríamos uma bebida na distribuidora para colocar na mesa. Peguei o lendário Fogo Paulista (licor de ervas "finas"), Adolfo escolheu uma Jurupinga (vinho branco de mesa suave), Tanaka pegou um licor duvidoso de capuccino, tava gostosinho, mas acho que gostei mais da Amarula fake do Xis Bom. Depois o Cabeça veio, e ele tá de parabéns, teve a coragem que não tivemos: escolheu a birita mais desgraçada possível, uma parada tipo gim sabor melancia de 26 real, meu caralho, o fundo do poço é mais fundo que eu imaginava. Novas referências, novos horizontes. Rendeu risadas, óbvio, e ressacas. O Pedro-san veio no final, e pegou um vinho Casillero Del Diablo, conhecidamente bom. Quando pedimos pra abrir, ele falou não, esse vinho é muito bom, não vou abrir, e guardou o vinho! Tirem suas próprias conclusões sobre a atitude e personalidade do cidadão frente ao grupo de amigos, permanecerei em silêncio por ética profissional. Pedimos grandes porções de espetinhos que demoraram um bom tempo para ficarem prontas, estava frio como citado acima. Os pastéis fizeram sucesso, compartilhamos mais de uma rodada. O Brothers fechou sem percebermos, arrependimento pesado de não ter comprado os moranguetes junto com as biritas. Saímos do Baita Fome no apagar das luzes, o pessoal da cozinha já consumindo seus lanches como jantar.

A seleção especial de biritas, e o simbólico descaso do Pedro-san ao fundo

Resumindo... pelo que esperávamos da única foto do google maps mostrando a fachada da distribuidora de bebidas, o ambiente ficou acima da expectativa! Fomos bem tratados! Mas os consumíveis foram sofríveis, então não é um lugar para se recomendar enquanto boteco. Os reais perdedores da noite foram nossos fígados, vou viver um mês a menos com tanta gordura e birita de baixa qualidade. Se for escolher um lugar prum répi auer, melhor dar uma esticada para o Boqueirão ou para o Capão Raso, pegar um lugar mais legalzinho, dá uma folga pra turma do trabalho aí.

sábado, 23 de agosto de 2025

#286 – O Torto – 17/07/2025

Presentes: Adolfo, Bráulio, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Adolfo
Quando lá, comer: empadinha

O Torto, clássico bar de Curitiba, finalmente figurando neste brogue porcão. Se você é conhecido da boemia, sabe onde fica o Torto, mas explico aqui da mesma forma de sempre. O Torto fica no inferninho próximo ao Largo da Ordem, mas desconectado da muvuca em uma saudável e silenciosa quadra – rua Paula Gomes, na esquina a uma quadra da Trajano Reis. A Paula Gomes é a primeira paralela da Inácio Lustosa, via “rápida” que passa ao lado do Shopping Mueller no centro / São Francisco, e também paralela à 13 de maio, continuação da Martim Afonso rumo ao Teatro Guaíra. Na própria Paula Gomes tem lugar pra estacionar, mas é óbvio que não se recomenda beber e dirigir, e no Torto você vai beber. A central mais próxima de busão creio que seja na praça 19 de dezembro (homem nu), mas centro é centro e a noite é cheia de jóvis na região, convidativa à andação.

A famosa esquina no centrão!

Mas como assim, vocês só foram no Torto no encontro 286? Você pergunta, e eu te respondo, a gente tentou, essa é a quarta vez que tentamos vir. O Torto estava fechado nas três últimas tentativas (#97 em 2016, #115 em 2017 e #142 em 2018), implicando na nossa desistência por quase uma década – afinal, é um perrengue descobrir o bar fechado e pegar um segundo busão baldeado para ir pro boteco suplente. Não é incomum o bar ficar fechado em dias normais, e é compreensível, sendo um bar de um homem só - a ponto de terem criado ainda no pré-pandemia um grupo de Facebook chamado "O Torto tá aberto?", com contribuições quase diárias à epoca, escritas simplesmente "aberto" ou "fechado". Enfim, como dizem, homem esquece mas nunca perdoa, e a frustração dos impedimentos foi esquecida neste ano de 2025, a missão finalmente retornando frutos.
Conforme citado, o Torto é um grande clássico de Curitiba, apesar de ter nascido em 2002 – por ser tradicional imaginávamos que fosse bem mais antigo. Em 2002 o dono, seu Arlindo, conhecido como Magrão, comprou o bar da esquina e o transformou no santuário do Mané Garrincha. Notícias, fotos e quadros que cobrem todas as paredes celebram a tradição do bar e o próprio Garrincha, sendo a imagem mais famosa do bar a pintura do camisa 7 com asas atrás do balcão. O boteco é composto por um salão único e sua calçada. O salão é quase inteiramente tomado por uma mesa de sinuca centralizada, com algumas cadeiras e pequenas mesas ao redor, então a grande maioria das pessoas fica direto em pé na calçada, ou mesmo do outro lado da rua. Numa noite convencional sem chuva, em qualquer momento, tem pelo menos 40 pessoas consumindo do bar, só batendo papo ou jogando sinuca. A mesa de sinuca é bem disputada, por sinal, e tem um caderninho na mesa do canto com a fila pra jogar. Quem atende o balcão é o Arlindo, anteriormente citado, que tem cara de piazão apesar de ter passado os 50 anos – e ele fica ligado o tempo todo no 220VAC. Afinal, é ele sozinho contra as intempéries, fritando bolinho de carne, servindo birita e cobrando o povo, fora os eventos – sobre os quais vou discorrer ao final do post, este parágrafo está ficando grande. Boteco com história é assim. O tratamento é respeitoso e os pedidos vêm conforme possível, respeite os limites físicos do cidadão.

Visão externa do estabelecimento
O único salão, inteiramente tomado pela mesa de sinuca
Salão visto do outro lado
Pessoal esparramando pro outro lado da rua
Cardápio visual

Sendo o bar inteiramente tocado pelo Magrão, a variedade de comes é curta, e não queira drinks muito desenvolvidos porque falta braço para desenvolver. O que o pessoal costuma comer são os salgados da estufa – coisa bastante boa, empadinha de frango e palmito bem bons, e o bolinho de carne receita da vó do Magrão. Fora isso, rolmops, espetinho de salsicha e ovo de codorna em conserva e amendoim, sem comentários. De bebes, cervejas convencionais, uma boa seleção de biritas de boteco, batida de maracujá artesanal boa, nada muito alto nível assim, mas o que é oferecido atrai centenas de pessoas por noite, errado não pode estar. O preço é bem aceitável, mesmo porque não tem muito o que consumir ali – mas se você for com fome, a somatória de todas as empadinhas acumula no bolso.

A turminha no canto

Chegamos em horário saudável e nos sentamos na mesa do canto, lado a lado como no antigo busão Circular Centro, de frente para a mesa de sinuca. Nesta posição é impossível não assistir o pessoal jogando, e jogam muito bem! A gente ficou com vergonha de participar da rotação, com certeza ia tomar um couro – tinha uma única menina que estava arrasando todos os machos que a enfrentavam com jogadas espetaculares, tava pegando fogo – foram 9 partidas seguidas até alguém bater ela. Voltemeia a gente tem que desviar de uma tacada ou liberar a cadeira, porque o espaço é pequeno, prejudicando a proficiência de certas jogadas.
Apesar do desconforto, o ambiente é muito botecão, algo que deveras nos atrai. Mas o grande diferencial do Torto são os eventos, que se assemelham a um programa de auditório. Você está sentado ali tomando uma, ouvindo músicas brasileiras clássicas (por sinal, bom gosto), e de repente o seu Arlindo apaga a luz, sobe o volume da música, liga um globo estroboscópico e o boteco vira uma balada – o pessoal dança e se entretém enquanto o seu Arlindo frita bolinho (literalmente), e após uma música, axé ou baião, a luz volta, o volume é reduzido e o clima de botecão é reinstaurado – muito engraçado pra quem vê a primeira vez. Depois de um tempo, seu Arlindo pega um bilboquê e um microfone, interrompe a música, e vai pro meio do bar – chama as pessoas mais bêbadas que encontra e faz uma gincana de acerte o buraco, ganhe uma cerveja. Pagação de mico total, o povo delira. Jogos de dados e adivinhação. É realmente um show no boteco.

Balada!
Acerte o buraco
Tente a sorte por uma bera!

Em resumo, o Torto é um botecão clássico e diferenciado por causa dos programas de auditório. Quem tem o objetivo de reunir os amigos numa mesa, comer uma parada e tomar uma, batendo papo sossegado, como nós, este NÃO é o boteco ideal – fica-se em pé ou senta-se num lugar apertado, a variedade de comes é pequena, seu papo é sempre interrompido... Agora, prum esquenta da noite ou pruma última rodada, o clima botecão é atraente demais, e pra quem busca um show ou algo diferente, é diversão certa. O Torto é um bar de conhecimento obrigatório para qualquer entusiasta de boteco de Curitiba.

sábado, 16 de agosto de 2025

#285 – Jeca Tatu – 03/07/2025

Presentes: Adolfo, Cabeça, Cid, Pedro-san, Tanaka
Sugestão: Cid
Quando lá, comer: batata do jeca

O Jeca Tatu fica na Prudente de Morais, antes da Fernando Moreira que é a rua dos chorões, ali onde não bomba tanto mas tá começando a ser contagiado. Pra chegar lá você vai pela Martim Afonso, e ao passar a praça 29 de março (era essa a data? Ou 19 de março? 19 de dezembro é a do home nu, então não é... uma dessas datas com 9 aí, que não é feriado) vira a próxima à direita, é a Prudente. Anda duas quadras e logo antes da via do expresso, fica do lado esquerdo, uma casa branca. Ali é moleza de ir de busão hein, o ponto do vermeio é Brigadeiro Franco, e fica uma distância sossegada a pé da praça Osório e Rui Barbosa, então não invente de ir de carro.

A parte vazia da rua cheia... por enquanto

O Jeca Tatu é um bar novinho novinho, fica no lugar do Hamburgay que fechou no ano passado, pelo jeito não tinha muito movimento, ou era o raio da maionese rosa com glitter que afastava a clientela. É uma casa das antiga, em cuja garagem e sala fizeram os dois ambientes principais do boteco. A garagem tem um chão de ladrilho vermelho em mosaico de casa de vó, parede de tijolinho e quadros de grandes figuras da história brasileira, como Jeca Tatu (nome do boteco), Cartola, Romário, Armandinho da Grande Família e cantor Belo, e é onde fica o balcão. Na sala fica a maior parte das mesas, e é reformadinho bem bonitinho, pratos pendurados nas paredes como decoração, azulejos azul e branco, bem iluminado, mesas de madeira com tampo branco, puta lugar agradável. Do lado de fora, botam umas mesas na calçada para completar o clima boteco – bom pra quando tá calor, o que não era o caso naquele dia. Ouvimos música ruim e música boa, explico mais ao final deste texto. Quem nos atendeu foi um piazote cujo nome esqueci, peço perdão, mas era extremamente simpático e prestativo, deem a ele uma promoção. Melhor, deem um aumento mas não promoção, senão ele para de atender as mesas. Só sei que ele tem 26 anos, porque quando explicamos sobre a confraria a ele, ele falou que tinha só o dobro da idade da confraria (choque de realIDADE). A comida não demorou, mas estávamos meio que sozinhos neste dia, então não sabemos dizer se quando estiver bombando não demora.

Lá fora vocês já viram
Entrando pela garagem
Olha que bonitinho o salão principal
Comes
Bebes

O boteco tem um cardápio enxuto de porções de boteco, mas consideramos a variedade suficiente. Comemos todas as porções do cardápio, fora a brusqueta. O pastelzinho de queijo o piazote falou que estavam fabricando, gerando expectativas, porém elas foram quebradas ao sermos informados que jamais seriam atendidas, por uma desculpa qualquer que não vem ao caso (na verdade eu esqueci o motivo). Carne de onça OK, pastel de carne OK, bolinho de aipim com carne seca OK. O pessoal gostou da batata da casa com costela, eu achei que faltou costela mas ficou como a dica do estabelecimento. Sanduba de alcatra e de pernil, bons. De biritas, cervejas convencionais, uma pequena variedade de drinks satisfatórios. Preços OK, apesar das porções serem um pouco pequenas.

Os importanter

Esta noite estava bem frio, então ocupamos a única mesa na maior parte da noite. Fomos acompanhados por dois casais em momentos distintos da noite, somente. Então estávamos só nós ouvindo aquele sertanejo da pior qualidade, eu cheguei para o piazote e falei, você gosta de verdade dessa música? Ele titubeou, provando que há esperança na nova geração. Falei que se fosse para ser música brasileira, que botassem coisa de qualidade, Chico Buarque, Tom Jobim, Alceu Valença, e ele assim o fez, melhorando múltiplas vezes a qualidade do ambiente. Passado algum tempo, algum outro cidadão do bar mal intencionado voltou à música ruim, quem sabe tentando atrair algum público, mas nem reclamei mais porque já estávamos próximos ao final do evento (ou talvez eu tivesse belbo). Fizemos a noite do estabelecimento, e eles em agradecimento trouxeram uma dose de conhaque para cada e uma saideira Spaten para aquecer a friaca. No fim o que ficou na cabeça é que o bar é muito agradável, muito bonitinho, apresentar pra mãe, e o atendimento é bem top. O que falta é só uma comida tchã assim, revolucionária, pra chamar a atenção. Convidem um chef, sei lá, façam uma porção afrescalhada, pode fazer a grande diferença que precisam pra encher o bar. E por favor, larguem mão do sertanejo...